RCC: UM MOVIMENTO ECLESIAL PARA IGREJA, DA IGREJA E COM A IGREJA

Renovação Carismática Católica

A RCC caminhada para seus 50 anos com a bênção da Igreja e o impulso do Batismo no Espírito Santo.

Leia na íntegra Carta de Orientação escrita pelo Presidente do Conselho Estadual da Renovação Carismática Católica, James Apolinário. A Carta não se trata de resposta ou qualquer debate a cerca de assuntos que têm ganhado as Redes Sociais nos últimos dias, mas expressa orientação sobre o que é o Movimento de Renovação Carismática e sua atuação no Estado do Ceará e no Mundo.


Quem somos?

Sempre será algo à ser respondido para muitos de dentro e fora da Igreja. Partimos da ideia que a Renovação Carismática Católica possui uma identidade, isto é, tem nome e sobrenome. Logo somos vistos pelo que nos caracteriza: Batismo no Espírito Santo, prática dos carismas, missão e vida em comunidade. De forma à ser uma resposta aos questionamentos do mundo, se propõe, tornar o Espírito Santo mais conhecido, amado e adorado, difundindo a espiritualidade e a Cultura de Pentecostes a partir do Grupo de Oração. Na missão de fazer discípulos-missionários de nosso Senhor Jesus Cristo, evangelizando com renovado ardor missionário a partir da experiência do batismo no Espírito Santo (Mt 28,19). Pois esta plenitude do Espírito não devia ser apenas a do Messias; devia ser comunicada a todo o povo messiânico. Por várias vezes Cristo prometeu esta efusão do Espírito, promessa que realizou primeiramente no dia da Páscoa (Jo 20,22) em seguida, de maneira mais marcante, no dia de Pentecostes (…) (Cf. CIC1287).

Espírito Santo é a alma da Igreja. Sem Ele a que ela se reduziria? Afirmou e indagou o Papa Bento XVI na Solenidade de Pentecostes de 2009 e disse: Seria certamente um grande movimento histórico, uma complexa e sólida instituição social, talvez uma forma de agência humanitária. E, na verdade, é assim que a veem quantos a consideram fora de uma ótica de fé. Em realidade, porém, em sua verdadeira natureza e também em sua autêntica presença histórica, a Igreja é incessantemente plasmada e guiada pelo Espírito Santo de seu Senhor. É um corpo vivo, cuja vitalidade é justamente fruto do invisível Espírito divino. Também uma visão corrente entre os Padres da Igreja e cada vez mais aprofundada a partir do Concílio Vaticano II, que nos mostra que a Igreja vive no Espírito e pelo Espírito, pois Ele, o Senhor da Vida, é quem dá Vida a Igreja.

No decorrer da História da Igreja, constatamos esta grande verdade: o Espírito animando e conduzindo com mão firme a barca de Pedro no meio da brisa ou das terríveis tempestades. São vinte séculos de história em que o Espírito permanece fiel, renovando a Igreja para corresponder aos desafios de cada tempo, atualizando o imutável e único conteúdo da fé, Jesus Cristo, para os homens de diferentes épocas, culturas, raças e nações. Assim a Igreja se espalhou e cresceu nos seus primórdios, através de toda a poderosa força evangelizadora e missionária de Pentecostes. As conhecidas ondas do Espírito Santo (dos apóstolos, dos Padres, das instituições) este Santo Espírito que, com o crescimento da Igreja e o seu desenvolvimento no mundo, suscitou novas formas de vida comunitária trazendo as marcas de uma vivência mais autêntica do Evangelho em um tempo em que muito estavam mais interessados na busca do poder temporal do que na construção do Reino de Deus.

O protagonismo dos leigos vem ao socorro à Igreja de Cristo, o Espírito Santo suscitou em nosso século a grande graça que foi o Concílio Ecumênico Vaticano II. A quarta onda do Espírito Santo transborda para atender as profundas mudanças causadas pela revolução industrial, pelas guerras e pelas conquistas da ciência e a técnica, era necessário a Igreja responder aos apelos e desafios do homem moderno. Uma renovação para a vida interior da Igreja e, ao mesmo tempo, de abertura para o mundo, não no sentido de amoldar-se a ele, mas de aproximar-se da sua realidade e assim cumprir a sua missão de evangelizá-lo. Após o Concílio foram surgindo movimentos e correntes espirituais de renovação. Entre estas graças, a Renovação Carismática Católica que, para mim, a resposta de Deus à oração do Papa no Concílio.

A RCC surge a partir do proposito de atender as necessidades da Igreja de Cristo, sendo da Igreja, pela Igreja, com a Igreja por entender que como movimento eclesial não caminha no subjetivismo e nem no intimismo e nem muito menos se utiliza de fatores externos do mundo para orientar e formar seus membros. Um movimento com tais características não teria a capacidade de corresponder o apelo da Igreja para está sempre na perspectiva da comunhão e da missão da Igreja e não, portanto, em contraste com a liberdade associativa, que se compreende a necessidade de claros e precisos critérios de discernimento e de reconhecimento das agregações laicais, também chamados – critérios de eclesialidade.

1)      O primado dado à vocação de cada cristão à santidade, manifestado – nos frutos da graça que o Espírito produz nos fiéis como crescimento para a plenitude da vida cristã e para a perfeição da caridade. Seus Grupos de Oração espalhado em todo estado do Ceará propõe um espaço de testemunho de busca pela santidade para transformação da sociedade em palavras e obras.

2)       A responsabilidade em professar a fé católica, acolhendo e proclamando a verdade sobre Cristo, sobre a Igreja e sobre o homem, em obediência ao Magistério da Igreja, que autenticamente a interpreta. Por isso, toda a agregação de fiéis leigos deve ser lugar de anúncio e de proposta da fé e de educação na mesma, no respeito pelo seu conteúdo integral. Visto por suas escolas de formação comunitária no contexto bíblico-doutrinal.

3)      O testemunho de uma comunhão sólida e convicta, em relação filial com o Papa, centro perpétuo e visível da unidade da Igreja universal, e com o Bispo – princípio visível e fundamento da unidade – da Igreja particular, e na – estima recíproca entre todas as formas de apostolado na Igreja. Presente nas efetivas atividades nos desenvolvimentos pleno nas Igrejas Particulares em todo regional. A comunhão com o Papa e com o Bispo é chamada a exprimir-se na disponibilidade leal em aceitar os seus ensinamentos doutrinais e orientações pastorais. A comunhão eclesial exige, além disso, que se reconheça a legítima pluralidade das formas agregativas dos fiéis leigos na Igreja e, simultaneamente, a disponibilidade para a sua recíproca colaboração.

4)      A conformidade e a participação na finalidade apostólica da Igreja, que é a evangelização e a santificação dos homens e a formação cristã das suas consciências, de modo a conseguir permear de espírito evangélico as várias comunidades e os vários ambientes.

5)      O empenho de uma presença na sociedade humana que, à luz da doutrina social da Igreja, se coloque ao serviço da dignidade integral do homem.

Além dos critérios fundamentais acima expostos encontram a sua verificação nos frutos concretos que acompanham a vida e as obras das diversas formas associativas, tais como: o gosto renovado pela oração, a contemplação, a vida litúrgica e sacramental; a animação pelo florescimento de vocações ao matrimónio cristão, ao sacerdócio ministerial, à vida consagrada; a disponibilidade em participar nos programas e nas atividades da Igreja, tanto a nível local como nacional ou internacional; o empenhamento catequético e a capacidade pedagógica de formar os cristãos; o impulso em ordem a uma presença cristã nos vários ambientes da vida social e a criação e animação de obras caritativas, culturais e espirituais; o espírito de desapego e de pobreza evangélica em ordem a uma caridade mais generosa para com todos (Ch.L 30). Logo responde generosamente à necessidade de uma nova evangelização, com novos métodos e expressões, visando aos diversos ambientes da sociedade e os católicos não-praticantes. Acentua a conversão e a vivência radical da fé, demonstrada com gestos concretos de mudança de vida e de participação no movimento. Apresenta-se com identidade católica, pois nasceram, desenvolveram-se e atuam dentro da Igreja, sentindo se, de modo especial, vinculados ao papa e aos bispos (Subsídio 3 CNBB §21). Como movimento eclesial têm se tornado, pela dinâmica de seus carismas, canais para vivência de novas formas de religiosidade diante dos desafios da cultura moderna. Para responder também à necessidade de experiência pessoal de Deus e de busca de sentido e orientação para a vida, como uma considerável contribuição para a vivência da fé, a participação de tantos na vida da Igreja e para a evangelização no mundo de hoje (Subsídio 3 CNBB §23).

Como um fruto do Concílio, entre outras graças cremos firmemente que a Renovação Carismática ou RCC como também é chamada, é uma real e forte resposta de Deus, não programada, e nem esperada (por isto tantas vezes não compreendida). Hoje somos no mundo mais de 80 milhões de católicos que experimentaram esta graça em suas vidas, converteram-se a Cristo e dedicam-se ao serviço da Igreja. Destes, cerca de 12 milhões estão no Brasil. No Regional Nordestes 1 presente em 163 município em mais de 700 Grupos de Oração e 140 Comunidades. “O Espírito sopra onde quer” (Jo 3,8) e na multiplicidade de suas expressões e ministérios (intercessão, cura, aconselhamento, comunidades, meios de comunicação, evangelização, música, promoção humana, grandes encontros de massa, etc), como marca da RCC, com seu grande desejo de, segundo sua identidade própria, amar e servir à Igreja Universal e local, levando em conta toda a sua catolicidade, que é unidade (na fé e na moral) na diversidade e liberdade de expressão desta mesma Igreja.

Como a segura o Direto Canônico – Cân. 214 – 216 – Os fiéis têm o direito de prestar culto a Deus segundo as determinações do próprio rito aprovado pelos legítimos Pastores da Igreja e de seguir sua própria vida espiritual, conforme, porém, à doutrina da Igreja. Os fiéis têm o direito de fundar e dirigir livremente associações para fins de caridade e piedade, ou para favorecer a vocação cristã no mundo, e de se reunir para a consecução comum dessas finalidades. Todos os fiéis, já que participam da missão da Igreja, têm o direito de promover e sustentar a atividade apostólica, segundo o próprio estado e condição, também com iniciativas próprias; nenhuma iniciativa, porém, reivindique para si o nome de católica, a não ser com o consentimento da autoridade eclesiástica competente.

O Espírito Santo distribui seus dons aos fieis, de tal forma que ninguém possui todos eles, como ninguém está totalmente privado deles (cf. 1Cor 12,4ss). Esses dons são sempre para serviço da comunidade (Cf. 1Cor 14). Não é a experiência dos carismas que exprime a perfeição da salvação, mas a caridade que deve perpassar toda a vida do cristão (cf. Mc 12, 28-31; 1Cor 13). Procurá-la é o primeiro e melhor caminho para a edificação o Corpo de Cristo que é a Igreja ( Doc 53 §14).

É por reconhecermos que estes dons na RCC, não vem de nós homens, nem é obra do institucional, que temos a grande e grave responsabilidade de nos mantermos fiéis a eles, pois, caso contrário, trairíamos o projeto de Deus de enriquecermos a Mãe Igreja, com os carismas que nos foram dados. Isto seria trair o próprio Deus e a própria Igreja. É importante lembrarmos a nossa identidade para sermos fiéis na nossa missão, que não nasce em nós, mas no Espírito, em favor das nossas vidas, da vida da Igreja e da transformação do mundo.

Os movimentos e novas comunidades constituem uma valiosa contribuição na realização da Igreja local. Por sua própria natureza expressam a dimensão carismática da Igreja: “na Igreja não há contraste ou contraposição entre a dimensão institucional e a dimensão carismática, da qual os movimentos são uma expressão significativa, porque ambos são igualmente essenciais para a constituição divina do Povo de Deus”. Na vida e na ação evangelizadora da Igreja, constatamos que no mundo moderno devemos responder a novas situações e necessidades da vida cristã. Neste contexto também os movimentos e novas comunidades são uma oportunidade para que muitas pessoas afastadas possam ter uma experiência de encontro vital com Jesus Cristo e, assim, recuperar sua identidade batismal e sua ativa participação na vida da Igreja. Neles “podemos ver a multiforme presença e ação santificadora do Espírito” (DA 312).

Como as primeiras comunidades, nas quais a “alegria e singeleza de coração” (At 2, 46) reinavam, eram ricas em dinamismo, abertura e zelo missionário. Estas comunidades partilhavam o partir do pão em amor fraternal, iluminadas pela Palavra, servindo uns aos outros com humildade mútua – e eram um testemunho autêntico que atraía a admiração daqueles que observavam os discípulos – estimulando em muitos o desejo pela conversão e por partilhar este novo estilo de vida. O Evangelho de São João nos oferece uma fotografia desta nova família espiritual dedicada a amar “Amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado” (Jo 13, 34). Por a assim testemunharam o poder e a eficácia da Palavra: curas, libertações, sinais e prodígios aconteceram em abundância. Nesta atmosfera, era normal viver sob a vigorosa ação de Deus, que produzia coragem renovada diante das perseguições, inspirando um amor profundo e crescente; e tudo isto era o fruto da Sua presença. Em Atos 1, 8, há uma referência específica à promessa de Jesus referente à efusão do Espírito e aos resultados maravilhosos de Sua ação em nossos irmãos daquele tempo. É certo, portanto, esperar que esta ação continuará a operar na Igreja de hoje também: toda a Igreja deve ser renovada na sua essência e chamado.

A Igreja, em toda a sua história, sempre recebeu do Espírito um sopro renovador em resposta às necessidades do mundo em cada era… e assim será no futuro”. Com este propósito a Igreja, em sua sabedoria, considera esta “torrente de graça carismática” também como um “Movimento Eclesiástico”, canonicamente reconhecido e aprovado. Assim o Santo Padre, João Paulo II, falou em sua mensagem aos Movimentos da Igreja e às Novas Comunidades na véspera de Pentecostes de 1998 (30 de maio) na Praça de São Pedro: “É a partir desta redescoberta providencial da dimensão carismática da Igreja que, tanto antes como depois do Concílio, aconteceu uma linha singular de desenvolvimento dos Movimentos da Igreja e de Novas Comunidades”.

O termo “Movimento”, portanto, se refere às entidades que frequentemente são diferenciadas umas das outras, mesmo em sua forma canônica. Este termo não é uma definição rígida, nem tampouco expressa, de forma plena, a riqueza das formas que surgem da criatividade do Espírito de Cristo que traz vida. Além disso, também indica uma entidade eclesiástica concreta formada principalmente por leigos e leigas e que consiste na fé e no testemunho Cristão que baseiam a razão de sua existência em um carisma específico concedido ao seu próprio fundador em circunstâncias específicas e através de métodos específicos. É o Espírito que funda e dá identidade à RCC. Não temos dúvida quando afirmamos que é Ele que guia a RCC no caminho que a levou a ser aprovada pela Igreja através do reconhecimento papal dos estatutos e serviços do ICCRS, em 14 de setembro de 1993, durante a Festa da Exaltação da Cruz.

Não podemos deixar de salientar que estes estatutos têm ajudado muitos países na elaboração de seus próprios estatutos, capacitando  muitas comunidades locais da RCC a desempenhar fielmente tanto a missão de evangelização  – através do testemunho do amor fraternal que Jesus nos ensinou – e da difusão e promoção da “Cultura de Pentecostes”, tão ardentemente desejada por nossos amados Papas João Paulo II e Bento XVI.  Afirmar, portanto, que a RCC é uma é um movimento subjetivista, intimista e que se utiliza de motivações emocionais é uma contradição ao fato dela ser um “Movimento” formado nas exigências reais da Igreja. É, de fato, um movimento…. do Espírito Santo. Daí que, queridos irmãos e irmãs, convido-os para que, com Espírito renovado,  deixem-se ser preenchidos pela graça divina a fim de viver e servir a Igreja fundada por Jesus: a Igreja de ontem, de hoje e de todos os tempos;  a Igreja que Jesus confiou à ação santificadora do Seu Espírito!

Fortaleza, 22 de Novembro de 2013

James Apolinário
Presidente do Conselho Estadual da RCC no Regional CNBB Ne1

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